sexta-feira, 22 de maio de 2009

Crônica de El-Rei D. Pedro - episódio de Inês de Castro

[aos alunos do 1º ano]

A Purtugal forom tragidos Alvoro Gonçalvez e Pero Coelho, e chegarom a Santarem onde elRei Dom Pedro era [estava]; e elRei, com prazer de sua vinda, porem mal magoado [muito magoado] por que Diego Lopes fugira, os saiu fora a receber, e sanha [ódio] cruel sem piedade lhos fez per sua maão meter a tormento [torturar] querendo que lhe confessassem quaes forom da morte de Dona Enes [Inês] culpados, e que era o que seu padre trautava contreele [seu pai tramava contra ele], quando andavom desaviindos [desentendidos] por aazo [por ocasião] da morte dela; e nenhum deles respondeo e taaes preguntas cousa que a elRei prouvesse [quisesse]; e elRei com queixume dizem que deu huum açoute no rostro [uma chicotada no rosto] a Pero Coelho, e ele se soltou entom contra elRei, em desonestas e feas palavras, chamando-lhe traidor, falso perjuro, algoz e carneceiro dos homeens; e elRei dizendo que lhe trouxessem cebola e vinagre pêra o coelho, enfadousse [aborreceu-se] deles e mandouhos matar. A maneira de su morte, seendo dita pelo meudo [contada em detalhes], seria mui estranha e crua de contar, ca mandou tirar o coraçom pelos peitos a Pero Coelho, e a Alvoro Gonçalvez pelas espadoas [costas]; e quaaes palavras ouve, e aquel que lho tirava que tal oficio avia pouco em costume, seeria bem doorida [dolorida] cousa douvir [de ouvir]; emfim mandouhos queimar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário